10.4.05

Sonetos

Que é o amor senão uma cura
Para todos os males causados
De tantas desilusões sofridas
E muitos sofrimentos passados

Mas o amor também nega
A felicidade que dele se quer
Mata, fere e cega
Quando devia ser fonte de vida

A alegria na forma mais pura
E as maiores dores infligidas
Descrevem o amor como paradoxal

Mas seria eu por uma mulher
Capaz de tapar esta ferida?
Pois o amor que nos marca é intemporal




Com os teus sentimentos joguei
E nunca me saí bem
Agora que sei quanto errei
Nem a minha dor te serve

Por muito que eu sofra
Tu não pensas mais em mim
Aqui estou eu para morrer
E a minha angústia não tem fim

Eu que não sei a quem
Entregaste tu a tua verve
Aspiro ainda ao teu amor

Nunca eu vou entregar a outra
A loucura que sinto ao te ver
Pois é teu o charme eterno e sedutor




A tua beleza murcha qualquer flor
E de todas as formas eu te quero
Mesmo que desafiemos o pudor
Porque eu fervo de desejo

Que mais há a dizer
Da inveja que causa o teu corpo
Às outras, incluindo Afrodite
Entre todas elas, estás no topo

E tudo o que considero
Dar razão ao meu ensejo
Tem uma razão óbvia de ser

De tanto te querer
E tudo quanto acredite
Sei que gozaremos infinito prazer




Por outras posso sentir
Aquele desejo incendiário
Mas tu, minha ninfa,
És tudo o que me é necessário

Sem ti, de todos os males padeço
Sinto-me inútil e pequeno
Sem o teu sorriso, enfraqueço
Porque é disso que eu vivo

Por ti, me sou capaz de redimir
Vivo de ti, como árvores da linfa
Era capaz de te dar tudo o que vês

Já nada espero do amor terreno
Dele estou desiludido e apreensivo
Mas é só a ti que eu quero, Inês

RCA