Que é o amor senão uma cura
Para todos os males causados
De tantas desilusões sofridas
E muitos sofrimentos passados
Mas o amor também nega
A felicidade que dele se quer
Mata, fere e cega
Quando devia ser fonte de vida
A alegria na forma mais pura
E as maiores dores infligidas
Descrevem o amor como paradoxal
Mas seria eu por uma mulher
Capaz de tapar esta ferida?
Pois o amor que nos marca é intemporal
Com os teus sentimentos joguei
E nunca me saí bem
Agora que sei quanto errei
Nem a minha dor te serve
Por muito que eu sofra
Tu não pensas mais em mim
Aqui estou eu para morrer
E a minha angústia não tem fim
Eu que não sei a quem
Entregaste tu a tua verve
Aspiro ainda ao teu amor
Nunca eu vou entregar a outra
A loucura que sinto ao te ver
Pois é teu o charme eterno e sedutor
A tua beleza murcha qualquer flor
E de todas as formas eu te quero
Mesmo que desafiemos o pudor
Porque eu fervo de desejo
Que mais há a dizer
Da inveja que causa o teu corpo
Às outras, incluindo Afrodite
Entre todas elas, estás no topo
E tudo o que considero
Dar razão ao meu ensejo
Tem uma razão óbvia de ser
De tanto te querer
E tudo quanto acredite
Sei que gozaremos infinito prazer
Por outras posso sentir
Aquele desejo incendiário
Mas tu, minha ninfa,
És tudo o que me é necessário
Sem ti, de todos os males padeço
Sinto-me inútil e pequeno
Sem o teu sorriso, enfraqueço
Porque é disso que eu vivo
Por ti, me sou capaz de redimir
Vivo de ti, como árvores da linfa
Era capaz de te dar tudo o que vês
Já nada espero do amor terreno
Dele estou desiludido e apreensivo
Mas é só a ti que eu quero, Inês
RCA